terça-feira, 6 de março de 2012

Venda do Grupo Rede - Light não tem interesse, State Grid desiste, venda paralisada, CPFL interessada

O Grupo Light, que atua na distribuição de energia em 31 municípios do Rio de Janeiro e possui ativos em geração, não tem interesse em comprar o Grupo Rede. Nesta segunda-feira (5/3), durante teleconferência com analistas, o presidente da companhia, Jerson Kelmann, foi questionado sobre a possibilidade de a empresa buscar ativos da holding - nem mesmo após esta passar por algum saneamento financeiro.
O executivo da Light respondeu com um "não" peremptório e não teceu mais comentários sobre o assunto. Em responsta a outra questão, Kelman havia dito que a Light tem olhado mais o mercado de geração de energia, por este ser "menos regulado" e assim oferecer melhores retornos.
"Em distribuição você não avança sobre nada, tem que esperar a possibilidade. A Light não descarta, estamos de olho, observando o que acontece no País. Mas isso é circustancial, não é como geração, em que você vai atrás de novos empreendimentos", explicou Kelman.
No leilão de energia A-3, marcado para acontecer neste mês, a companhia deve participar por meio da Renova. Embora a controlada tenha dito que não iria estar na disputa, o diretor de energia da Light, Evandro Vasconcelos, disse que a Renova inscreveu cerca de 200MW em eólicas para o certame,
No ano passado, a Light anunciou negócios importantes, como a entrada no bloco de controle da Renova Energia, que investe em eólicas, e na Norte Energia, responsável pela hidrelétrica de Belo Monte. Ainda assim, os investimentos da empresa para 2012 devem se concentrar em distribuição, como aconteceu no ano passado.
Segundo Kelman, o aporte em Belo Monte neste ano será pequeno, enquanto não há previsões de aumento de capital na Renova e nem de desembolsos no projeto da hidrelétrica de Itaocara, que está em licenciamento ambiental. Em 2011, a área de distribuição recebeu R$775 milhões da Light, enquanto geração teve cerca de R$90 milhões.
SÃO PAULO, 6 Mar (Reuters) - O pedido de recuperação judicial da Celpa, distribuidora paraense de energia elétrica do Grupo Rede, parou o processo de venda da fatia de 54 por cento de participação que o acionista do majoritário Jorge Queiroz Jr. colocou à venda no ano passado.
"Os investidores vão esperar para ver as consequências da recuperação judicial (da Celpa)", disse uma fonte próxima das negociações à Reuters, sob condição de anonimato, acrescentando que qualquer desfecho sobre a venda do controle do Grupo Rede Energia não deve ocorrer no curto prazo.
O processo de recuperação judicial da Celpa, iniciado na semana passada, é o primeiro de uma empresa concessionária de serviço público a ser realizado no Brasil, o que deixa o mercado atento a seus desdobramentos.
"A grande questão é como a Aneel vai reagir a isso", afirmou a fonte, referindo-se ao posicionamento a ser adotado pela Agência Nacional de Energia Elétrica.
A CPFL Energia ainda estaria interessada na compra de participação no Grupo Rede Energia, afirmou a fonte, apesar da desistência de outros interessados como a chinesa State Grid e o Grupo AES.
Procurada, a Rede Energia informou que não se pronunciaria sobre questões societárias envolvendo o grupo.
O pedido de recuperação judicial da Celpa não é uma surpresa para o mercado, mas aumenta a percepção de risco de investidores em relação à holding Grupo Rede Energia e às subsidiárias, informou a fonte.
"A holding garante algumas dívidas da Celpa... Certamente, os bancos vão cortar o crédito das outras empresas do grupo", acrescentou a fonte.
As agências de classificação risco Standard & Poor's, Moody's e Fitch reduziram os ratings da Celpa e da holding Rede Energia após o pedido de recuperação judicial da distribuidora paraense, já considerando que a recuperação aumenta os riscos de refinanciamento de outras companhias do grupo.
A Celpa tem uma dívida total de 2 bilhões de reais e também enfrenta problemas operacionais relacionados à qualidade do serviço. O endividamento consolidado da Rede Energia estaria em torno de 6 bilhões de reais.
Nesta terça-feira, a diretoria da Aneel analisa em reunião o resultado de um plano de melhoria de qualidade de serviço que foi exigido da Celpa e tramita no órgão regulador desde 2009.
O governo pode vir a declarar intervenção na distribuidora, segundo admitiu o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na semana passada.

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