terça-feira, 22 de abril de 2014

Conversora Garabi - CIEN - Video ABB

Neste video produzido pela ABB são demonstrados os equipamentos de pátio da Subestação de Garabi e com explicações das funções de cada equipamento. 




Em 2000 entrou em operação a estação conversora de frequência Garabi 1, com capacidade nominal de 1.100 MW, no município de Garruchos-RS, sendo esta a primeira etapa de uma interligação internacional de grande porte entre a Argentina e o Brasil. Esta interligação foi concluída em 2002, com a entrada em operação da estação conversora de frequência Garabi 2, com mais 1.100 MW de capacidade nominal. As estações conversoras de frequência Garabi 1 e Garabi 2 são de propriedade da CIEN, assim como o sistema de transmissão em 500 kV de interesse exclusivo deste empreendimento, conectando-as respectivamente às subestações de Santo Ângelo - RS e Itá - SC. Essa interligação teve como objetivo principal a possibilidade de importação de energia elétrica pelo Brasil, sendo modelada no sistema brasileiro como uma oferta análoga a uma usina termoelétrica instalada na fronteira do Brasil com a Argentina, assim como para atendimentos frente a emergências no sistema brasileiro ou argentino. No entanto, esta interligação vem sendo nos últimos anos utilizada principalmente para atendimento à Argentina em função das dificuldades energéticas pelas quais vem passando aquele país. Já houve também situação crítica de abastecimento energético no Uruguai, quando a interligação Garabi foi utilizada para atendimento àquele país por meio do sistema de transmissão da Argentina. O agente de importação e exportação referente a estas interligações é a CIEN. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vídeo de Robô utilizado na inspeção de Linhas de Transmissão


Esse vídeo trata da entrevista da empresa japonesa HiBot que desenvolveu um robô para inspecionar linhas de transmissão até 750kV, o mais interessante é a capacidade dele transpor obstáculos e tudo é filmado com várias câmeras permitindo uma melhora significativa na precisão das inspeções. 


Além disso, o produto possui GPS e não precisa desligar a linha de transmissão para realizar a inspeção. No Brasil onde temos LT´s longas que muitas vezes as equipes não conseguem realizar a inspeção com este tipo de precisão seria muito interessante adotar este tipo de Robô para melhorar a qualidade da manutenção.

Hibot - Expliner Robot


terça-feira, 8 de abril de 2014

Racionamento de Energia no Brasil pode ocorrer ainda em 2014

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou nesta quarta-feira (02/04) que os reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste – responsáveis pela geração de 70% da energia consumida no país – estão com 36% da capacidade máxima. E admitiu que, se não chegarem a 43% no final de abril, o resto do ano será complicado.
A preocupação existe, e o governo parece não conseguir esconder. Em entrevista ao jornal americano Wall Street Journal no final de março, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a dizer que, caso as reservas das hidrelétricas não aumentassem nos próximos meses, o governo iria pedir à população que reduzisse o consumo de energia.
A declaração de Lobão logo foi desmentida pelo Planalto. Mas especialistas dizem que racionamento não é apenas uma possibilidade real, como também, se aplicada de forma gradual desde já, poderia evitar problemas mais sérios no final do ano – a exemplo do que aconteceu em 2002, quando o governo se viu forçado a decretar duras medidas para reduzir o consumo.
“Mesmo com o período de chuvas ao longo do mês de março, os reservatórios dessas regiões subiram somente 1,7%, num mês em que se esperava que o nível fosse aumentar muito mais”, diz Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, especializado no sistema elétrico brasileiro. “Dificilmente podemos esperar que a chuva seja tão forte e traga os reservatórios para o patamar de 43%”.
Racionamento gradativo
Por essa razão, especialistas ouvidos pela DW são unânimes em afirmar que o governo federal já deveria incentivar desde agora uma redução voluntária de pelo menos 5% de energia. Assim, consumidores residenciais e empresas não seriam atingidos de surpresa, no fim do ano, por um racionamento de 20% ou mais.
O governo deveria se comunicar melhor com a sociedade para que ela tenha clareza e possa se mobilizar na direção da economia de energia”, diz Sales. “Isso é uma crítica que faço ao governo: ele continua tentando dar a entender que tem segurança absoluta com relação ao abastecimento, coisa que os números provam o contrário.”
Para Roberto Schäffer, professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ, o Brasil está entrando numa zona perigosa. Segundo ele, a situação atual está exigindo que o governo federal acione as usinas térmicas em níveis mais elevados do que até agora, já que os reservatórios estão mais baixos do que historicamente estariam nesta época do ano.
“Neste momento, a chance de faltar energia no Brasil é maior do que nos anos anteriores. Parece pouco provável que exista um racionamento ou falta de energia antes ou durante a Copa do Mundo. O que me preocupa mais é o período após o Mundial”, afirma Schäffer. “Eventualmente o Brasil quer passar uma impressão internacional de que está tudo bem, mas depois do Mundial devem vir medidas mais duras.”
Termelétricas: custo elevado
Com os reservatórios das hidrelétricas baixos e o sistema elétrico operando no limite, o governo vem sendo forçado a usar com mais frequência as termelétricas, que costumam ser acionadas apenas sazonalmente e são mais caras e poluentes.
Atualmente, mais de 17.500 dos 21.670 megawatts disponíveis nas termelétricas estão em operação. De acordo com Ildo Luís Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), o custo da energia proveniente das usinas hidrelétricas e eólicas é de cerca de 100 reais por megawatt-hora (MWh). Já nas termelétricas, o valor ultrapassa os 800 reais por MWh.
“Isso gera um elevado custo para o país. São bilhões de reais sendo gastos em combustíveis, como óleo diesel e gás natural importado, num momento de estresse no mercado mundial”, diz Sauer. “Além disso, há o problema das emissões ambientais elevadas por causa da queima desses combustíveis. O alto custo esvazia recursos do Tesouro Nacional que deveriam ser destinados a outras prioridades”.
Como os custos extras estão ficando maiores, é provável que o Tesouro Nacional fique com a parcela mais elevada do uso da energia termelétrica e, assim, o repasse para o consumidor final seja menor. É possível, porém, que a parcela do uso das térmicas em 2013 – ao custo de cerca 9,5 bilhões de reais – e de 2014 – que deverá ultrapassar o valor do ano anterior – seja repassada aos usuários a partir de 2015.
“Se não chover o suficiente até agosto, toma-se a medida drástica de realizar o racionamento ou então tenta-se empurrar para depois das eleições presidenciais [em outubro]”, afirma Sauer. “O grande fiasco já foi concretizado, que é o mau planejamento e a má gestão do sistema.”
Fonte: DW

Risco de racionamento de energia no Brasil sobe para 46%, avalia PSR

risco de o Brasil ter um racionamento neste ano quase dobrou. Com as chuvas abaixo do esperado para março, a probabilidade de o País ter de decretar um corte superior a 4% da demanda de energia subiu de 24% para 46%, segundo cálculos da consultoria PSR, do especialista Mario Veiga, apresentado em evento interno para clientes. Uma redução dessa dimensão significaria desligar 12 milhões de residências.
No primeiro relatório elaborado pela consultoria, no início de fevereiro, o risco de racionamento era de 17,5%. De lá pra cá, a situação dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% do armazenamento do País, não apresentou melhora significativa. As represas fecharam março com 36,3% – distante da previsão inicial de 41,3%.
Para abril, o cenário não é muito animador já que o volume de chuvas tende a ser menor que o de março.
– O risco aumenta na medida que chegamos ao fim do período úmido – afirma o diretor da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.
Segundo ele, para janeiro, a expectativa de chuva em megawatts médios (MW) era de 56 mil. Em fevereiro, subiu para 59 mil MW médios; em março, caiu para 55 mil MW médios; e abril, para 41 mil MW médios.
O governo demorou para admitir que a situação não era tão confortável como fez parecer em janeiro e fevereiro. No fim do mês já admitiu algum risco no setor elétrico. Em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que o País passa pelo pior evento climático da história, se forem consideradas em conjunto as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-oeste.
– Essa é a terceira pior (estiagem) desde 1931, quando se têm as medidas da hidrologia. Mas, se pegarmos o conjunto, talvez seja o pior evento que já aconteceu: ter hidrologia ruim concomitantemente nas três regiões – disse ele.
Ele acrescentou que os reservatórios dessas regiões receberam no período recente metade do volume usual de água:
– A situação hidrológica que temos hoje não tem nada a ver com a de 2001. ê muito pior, é um evento extremo.
Quadro brasileiro é melhor do que o de 2001, mas pede atenção
Esse quadro, porém, não leva o governo ao pavor, disse ele:
– É um quadro que merece atenção, mas não desespero.
Isso porque o País conta hoje com uma capacidade instalada maior do que a de 2001 e uma matriz energética mais diversificada.
– Isso quer dizer que estamos blindados para qualquer evento climático? Não. Mas estamos em situação que permite à gente poder dizer que o risco do racionamento é muito baixo. É claro que tem de ficar acompanhando, ver o que acontece no período daqui em diante. Pode ter um evento continuado de pouca hidrologia – comentou.
Campanha para economizar energia é uma possibilidade
O governo tem dito que é preciso aguardar abril, quando ainda podem ocorrer chuvas em maior volume, para ter uma medida mais clara do impacto da estiagem sobre os reservatórios das hidrelétricas. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a admitir ao Wall Street Journal que pode pedir à população para economizar energia, mas descartou a hipótese de racionamento.
Na avaliação do professor da UFRJ, Nivalde Castro, essa seria a decisão mais correta neste momento:
– O governo tem de adotar medidas de redução de demanda, a começar por uma campanha de corte voluntário do consumo, como já está ocorrendo em São Paulo no abastecimento de água.
Para ele, não fazer nada representa um risco energético muito alto.
– Até quando o governo pode ficar sem fazer nada? Nesta trajetória, o sistema não se sustenta até o fim do período seco.
A resposta, segundo cálculos de executivos do setor, que preferem não se identificar, é que sem uma campanha de redução de consumo, o sistema suportaria até a Copa do Mundo mas não chegaria até as eleições.
Apesar do aperto no armazenamento e do risco de um desabastecimento, Tolmasquim disse que o setor hoje é mais robusto comparado a 2001. No período entre 1996 e 2001, a taxa de crescimento do consumo de energia foi 7% maior do que a expansão da capacidade de geração. Já entre 2001 e 2013, a oferta cresceu 47% acima da demanda.
O desempenho foi atribuído por ele à mudança do marco regulatório do setor elétrico efetuada em 2004, na gestão de Dilma Rousseff à frente do Ministério de Minas e Energia.
– Havia falhas que afugentavam o setor privado e a Eletrobrás era proibida de investir. Era arriscado investir em geração porque o empresário não tinha garantia de compra da energia –explicou.
Fonte: Zero Hora

O presidente de Itaipu rebate críticas ao modelo energético e diz que o País não pode contar apenas com energia solar ou pequenas hidrelétricas como alternativas

Responsável por quase um quinto da energia consumida no Brasil, Itaipu Binacional completa 40 anos como um modelo de aproveitamento para o País. Em 2013, a usina superou sua própria previsão e produziu 98.630.035 megawatts-hora (MWh). O diretor brasileiro da empresa binacional, Jorge Samek, conversou com a CartaCapital sobre o desempenho da usina e comentou as críticas recebidas pelo governo Dilma Rousseff devido à crise no setor energético. "O governo optou por reduzir a tarifa. O que não se esperava era essa seca, que gerou o pior cenário possível: em vez de cair, os preços subiram. Isso foi lido no mercado como uma intervenção do Estado com o sentido de prejudicar as empresas de obter o lucro", analisa.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
CartaCapital: Como o sr. acompanha as críticas ao governo Dilma em relação ao desempenho do setor elétrico?
Jorge Samek: Temos uma mulher na gestão que conhece o setor elétrico. Ela tem sido muito criticada, mas, veja, ela aprovou uma medida provisória que retirou o lucro em cima das depreciações. O que acontece em muitas usinas do País? Você precisa de 30% de capital próprio para começar a construir, o resto é financiamento. Quando você vai vender a sua energia, depois da usina construída, você deprecia esses empréstimos. Uma parcela grande das usinas brasileiras terminou de pagar seus empréstimos em 2009. O que fazer então? As opções seriam: reduzir a tarifa, manter o preço e utilizar os recursos para outros investimentos ou usar o meio termo. O governante de plantão é quem escolhe e ela escolheu reduzir a tarifa. O que não se esperava era essa seca, que gerou o pior cenário possível: em vez de cair, os preços subiram. Isso foi lido no mercado como uma intervenção do Estado com o sentido de prejudicar as empresas de obter o lucro. Mas, pelo amor de Deus, como eu vou cobrar por uma coisa que todo mundo já pagou? O que posso colocar nas novas tarifas é a modernização das usinas e isso é a Aneel quem tem de regular.
CC: O senhor avalia que a ação da presidenta Dilma foi positiva, então?
JS: Tinha que se tomar. E isso foi anunciado ainda quando Dilma era ministra: “olha, vai vencer a concessão, vai ter novo regramento, o preço da tarifa vai cair” e o pessoal pagou para ver. Nós já estamos adequando nosso quadro e, em 2023, quando os empréstimos forem depreciados, a empresa estará preparadíssima para sumir com quase 60% do seu orçamento.
CC: A maioria das hidrelétricas não conta mais com o sistema de reservatórios. Isso não torna o País muito dependente das chuvas? É esse o modelo adequado?
JS: Essa é uma discussão muito complexa. Não tem mais locais no Brasil para grandes reservatórios. É muita gente dando palpite, mas falando do que não conhece. A região norte do Brasil é a região da expansão, utilizamos pouco mais de um terço do seu potencial. Só que lá não tem rios de caixa como temos aqui, por exemplo. Fazer grandes reservatórios em área rasa, como foi feito em Balbina, não é o caminho mais adequado. Aqui, nós temos 120 metros de queda. A 400 quilômetros daqui, tem uma hidrelétrica da Argentina e do Paraguai que tem mais água que Itaipu, mas com apenas 28 metros de queda. Essa usina produziu 20% da produção de Itaipu no ano passado. Agora, onde tiver lugar que possa ser feito reservatório, não tenho nenhuma dúvida de que deve ser feito. Se não fizermos, as futuras gerações vão nos cobrar isso.
CC: Agora, existe a discussão socioambiental em torno da questão dos reservatórios.
JS: É isso. Nós já tivemos algumas usinas que estão diminuindo seu tamanho e sua potência, fruto da diminuição do seu reservatório. A própria usina de Belo Monte tinha um reservatório três vezes maior do que o aprovado na licença ambiental. Eu acho que falta ampliar essa discussão no Brasil, que está muito contaminada a procedimentos externos, que não conhecem a realidade do País. Vamos a alguns números: todas as usinas hidrelétricas junto com todas as empresas de saneamento representam 0,4% do território brasileiro. Quando nós pegamos os lagos naturais, esse número sobe para 1,1%. E o mais estarrecedor: Belo Monte está sendo construída em Altamira, no Pará, o maior município do Brasil e maior do que o estado do Paraná. Já se comprovou que as aldeias indígenas ficarão acima da construção, 100 quilômetros para cima. Na construção de Itaipu, os argumentos foram os mesmos.
CC: Na época, houve pressão similar?
JS: Veja, não é só isso. Na discussão da nossa Constituição, os engenheiros ficaram de fora. O Brasil fez Itaipu, fez Tucuruí e ficou 30 anos sem fazer uma grande obra. Só se voltou a pensar em novos investimentos quando São Pedro aprontou, como fez em 2001, e surgiu o medo do racionamento. E foi assim que se fez a Constituinte de 1988, já muito amadurecida pelos novos conceitos que surgiram na Europa de questões climáticas, mesma época em que surgiu o Partido Verde. Nesse procedimento, aumentou demais a régua. Em outras palavras: todos os países do primeiro mundo já tinham feito suas obras de infraestrutura no século passado. Claro que não podemos deixar de ter um ordenamento e uma orientação forte para fazer as obras de forma correta, mas levantaram a régua muito rapidamente. E nós, que temos uma divida social do tamanho de um bonde, com 13 milhões de pessoas que estavam sem luz em pleno século 21? O que vamos fazer? Energia solar? Tá bom, e o preço? Você não pode depender de energias intermitentes, elas têm que se somar a energia firme e energia firme ou é água, ou carvão ou gás ou urânio.
CC: Nesse sentido, é possível apontar avanços?
JS: Avançou muito. Nós fizemos um investimento muito grande na integração que vai partir das usinas no Rio Madeira. Em 10 anos, nós quase dobramos nossa capacidade de geração. E em 13 anos nós vamos ter que dobrar tudo o que nós temos hoje. Temos Angra 3, muita energia eólica – que vai dar um pulo de 1% para 8% em dez anos.
CC: Segundo a Associação Brasileira de Centrais Hidroelétricas, já foram apresentados mais de 600 projetos de usinas desse porte para a Aneel, mas não foram para frente. Por que isso aconteceu?
JS: Mais uma desinformação. O que ocorreu é que o preço, quando foi para o leilão, fez as PCHs ficarem caras. Com essa demanda por energia, um monte de PCHs entrará no próximo leilão.
CC: O senhor acha que a demanda vai impulsionar essas obras?
JS: Não tenha dúvidas. Elas não conseguiam baixar de 180 reais o megawatt, sendo que a eólica chegou a vender a 99 reais o megawatt. Não tem generosidade do povo brasileiro que faça isso acontecer. Eu tenho de fazer isso em doses que o consumidor possa suportar.
CC: Elas são o futuro da gestão energética para o Brasil?
JS: Sim, mas não só elas. Temos essa nova proposta das usinas-plataforma, que é um espetáculo. A primeira vai ser leiloada agora, que é dentro do complexo dos Tapajós. Você só vai fazer a usina e ficará operando remotamente, indo visitá-la para manutenção por meio de aviões.
CC: Mas essas usinas-plataforma não teriam um custo muito maior?
JS: Para fazer uma usina, eu vou precisar, por exemplo, de 5 mil operários. Nessa época eles vão morar lá, mas em moradias projetadas para durar cinco anos. Não é como em Itaipu, que foram feitas moradias boas que existem até hoje. Elas poderão ser produzidas em todo o norte do Brasil e aproveitarão potenciais hidráulicos de locais remotos.
CC: Haveria menos impactos?
JS: Não tem impacto nenhum, porque no entorno não vai ter cidade, não vai ter nada, pode virar um parque.
CC: O sr. comentou que hoje Itaipu seria impossível de ser construída. Como a empresa lidou com os impactos da construção?
JS: Eu nasci nessa cidade. A cidade tinha 5 mil habitantes. Quando a construção começou, passou para 30 e, em quatro anos, para 120 mil. Quando eu saía para a faculdade e voltava de férias, a cidade era outra. Os impactos foram diminuídos e houve investimentos na infraestrutura da cidade. Quem fez as maiores vilas, avenidas, pontes e obras da cidade foi a empresa Itaipu. E o segundo ponto se chama royalties. Mais de 60% da receita da prefeitura de Foz do Iguaçu vem de Itaipu. As cidades aqui brigam para ter hidrelétricas, porque trazem desenvolvimento para a cidade. O parque tecnológico, a universidade, toda a inteligência necessária para se construir uma hidrelétrica veio para cá.
CC: No ano passado, Itaipu registrou recorde de operação. Como isso foi possível?
JS: O primeiro é ter a economia aquecida. Tanto o Brasil quanto o Paraguai estão com a economia aquecida e necessitando de energia. Tivemos vários momentos em que tivemos energia sobrando, porque não tínhamos consumo. Segundo, você precisa ter água, e nós estamos localizados no melhor lugar do mundo para ter uma hidrelétrica, porque recebemos água de 45 usinas. E, terceiro, é preciso que as máquinas estejam permanentemente disponíveis quando o operador nacional do sistema solicita energia. Isso é modernização e manutenção. Nós atuamos em 20 unidades e operamos geralmente 18. No ano passado, tivemos um aproveitamento de 99% de toda a energia produzida, isso é fruto da manutenção constante.

*A repórter Paloma Rodrigues viajou a convite do seminário da Itaipu Binacional
Fonte: Carta Capital