Mesmo sem grandes projetos aprovados, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terminará o ano com empréstimos em alta para o setor elétrico. Segundo a chefe da Área de Energia Elétrica do BNDES, Márcia Leal, o banco fechará 2011 com desembolsos em torno de R$ 9,5 bilhões para grandes hidrelétricas, linhas de transmissão e distribuição, pouco acima dos quase R$ 9 bilhões emprestados em 2010.
A manutenção do alto desembolso está ligada à aprovação de grandes projetos de hidrelétricas nos últimos anos, como as usinas do Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio) em Rondônia, cujos desembolsos são distribuídos ao longo das obras. O banco também começou este ano a liberar parte do crédito de R$ 6,1 bilhões para a usina nuclear Angra 3, aprovada no fim de 2010.
Márcia diz que o BNDES espera aumentar os desembolsos para o setor em 2012 com a maturação de empreendimentos. "O setor elétrico tem continuidade no seu planejamento, mesmo que haja grandes leilões num ano e poucos no outro. No ano que vem o nosso desembolso deve subir mais porque os projetos aprovados em 2010 e que maturaram este ano provavelmente terão o seu equacionamento financeiro finalizado em 2012".Apesar da perspectiva de aumento dos desembolsos, o principal destaque da área de energia elétrica no BNDES já no início de 2012 será a aprovação do financiamento da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que será recorde. O BNDES pode financiar até 80% da obra, estimada em pelo menos R$ 20 bilhões, mas deve aprovar porcentual menor. "Está faltando pouca coisa", diz Márcia, sem detalhar o montante em avaliação. Ela esclarece que o financiamento não muda se houver alta do custo da obra. O porcentual cai e o consórcio precisará completar a estrutura financeira com outras fontes.Para a executiva, além da definição das licenças ambientais em duas etapas, a reestruturação societária do consórcio vencedor do leilão de Belo Monte favoreceu sua viabilidade econômica. A troca de acionistas com pequenas fatias por participantes de mais peso e com maior participação foi bem-vista no banco. "Agora o perfil societário está bem sólido", avalia.Márcia vê com naturalidade a controvérsia sobre o impacto ambiental do projeto, que atraiu muita visibilidade. No entanto, afirma que o BNDES se sente seguro para apoiar o projeto. "Ainda não enviamos a operação para a diretoria, mas consideramos que essa questão está sendo bem encaminhada", diz, citando projetos sociais compensatórios. O compromisso do banco com Belo Monte foi expresso na aprovação de um empréstimo-ponte de R$ 1,06 bilhão no fim de 2010 para o início das obras, o que levantou críticas de ambientalistas e do Ministério Público.Com a intenção do governo de acelerar os investimentos em infraestrutura em 2012, o BNDES deve fortalecer seu papel de principal financiador do setor elétrico. Entre 2003 e 2011, o banco financiou R$ 77,9 bilhões para mais de 350 projetos de geração, transmissão e distribuição que somaram R$ 146,2 bilhões em investimento total.No setor de energias alternativas, as aprovações para parques eólicos somaram R$ 3,4 bilhões este ano, três vezes mais que em 2010. A subsidiária BNDESPar detém fatias de pelo menos nove empresas do segmento.
Os investimentos feitos pela Eletrobras alcançaram até novembro R$ 8 bilhões e devem chegar a R$ 9 bilhões este ano. “É um recorde absoluto”, comemorou hoje (27) o presidente da holding, José da Costa. O número representa 90% de realização em relação ao investimento previsto inicialmente de R$ 10 bilhões e 75% em relação ao orçamento de investimentos revisado para R$ 12 bilhões, informou.
Em 2012, a Eletrobras pretende investir R$ 13,3 bilhões, “já aprovados”. Será o maior valor da história da empresa, que completará 50 anos.
Dos R$ 13,3 bilhões, R$ 6,80 bilhões serão investidos no setor de geração, R$ 3,87 bilhões em transmissão e R$ 1,86 bilhão em distribuição. O restante, R$ 768 milhões, será aplicado em pesquisas, infraestrutura e qualidade ambiental.
Os R$ 13 bilhões correspondem a 40% do investimento total do setor elétrico brasileiro previsto para 2012. Até 2020, serãoinvestidos R$ 320 bilhões pelo setor, dos quais R$ 200 bilhões serão destinados à geração, R$ 40 bilhões à transmissão e R$ 80 bilhões ao setor de distribuição.
José da Costa destacou a importância, para a Eletrobras, de construir nos próximos anos grandes usinas hidrelétricas com mais de 500 megawatts (MW) de capacidade, além de complementar linhas de transmissão para escoar energia para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, “onde se concentra a maior carga de consumo do país”.
O diretor de Finanças e de Relações com Investidores da empresa, Armando Casado, disse que os investimentos programados para 2012 preveem lançamento de bônus no exterior no valor de US$ 2 bilhões. Somando as captações externas e no mercado interno, os recursos atingem R$ 3,9 bilhões.
Em financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos constitucionais do Nordeste e Centro-Oeste, a empresa somará recursos no montante de R$ 4,1 bilhões, aos quais se somarão empréstimos do Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e banco de fomento do governo alemão (KFW) no valor de R$ 900 milhões. Com recursos próprios, serão investidos R$ 4 bilhões.
Em outubro de 2011, a Eletrobras captou US$ 1,75 bilhão com lançamento de bônus no exterior, conseguindo os juros mais baixos já obtidos pela companhia (5,75% ao ano). A operação tem vencimento em dez anos e foi a maior já efetuada pela estatal no mercado de bônus, ressaltou Casado.